sábado, 16 de outubro de 2010

Apocalipse S.A.

O Apocalipse... um evento de tão grande importancia para a humanidade, o evento que prova as crenças da humanidade, que precede o julgamento final, um evento que tem que ser trabalhado perfeitamente como um relogio por mais de 1000 anos.
Quem organiza isso? A Apocalipse S.A.. Uma corporação do submundo chefiada pelos mais altos demônios.
A história é protagonizada na pos morte de Luis Pereira Cruz, um musico dito visionario que poderia realmente estragar os planos em algumas centenas de anos com seus ideiais. A soluçao? Mata-lo? Onde a historia se passa? Na pos morte dele e sua fuga no mundo superior para poder tentar voltar a vida escapando da Apocalipse S.A. e descobrindo segredos que nem os maiores anjos sabem.
 Não é mais um hábito tão comum quanto antes soltar pipa por aí, as ruas não deixam, há postes elétricos em todo canto, há outros brinquedos... talvez Luís  Pereira Cruz seja o último homem de sua leva a soltar pipa em plena São Paulo.
 Ele nunca entendeu porque pararam, o simples ato de sentir algo sendo levado pelo vento é uma sensação que parece que solta todas as suas infelicidades por uma simples linha que impede a pipa de voar para o infinito que só é limitado pela permissão dos sopros do vento, não há nada mais relaxante no mundo que isso para ele.
 Ele não era um vagabundo, claro que não, vagabundos não soltam pipa nos domingos em campos de fazendas, na verdade, vagabundos nem soltam pipa, é estranho analisar isso, mas duvido quem alguém já tenha visto um fazer tal.
 Mas voltando ao centro da história, Luís era um cara que podemos dizer que deu a volta por cima, começou em uma família de classe média baixa, estudou, se formou, foi para o mais baixo possível no vício e, no fim, as viagens de quando ele desceu geraram músicas que digamos que uma boa parte da população iria curtir, como os jovens dizem.
 Ele virou um tipo de influência cultural, ninguém sabe explicar o porquê, vai saber o povo viu alguma mensagem entre músicas sobre gnomos que vivem em cogumelos, monstros amigáveis e um sistema controlado por um monstro que se alimenta de dinheiro, mas nosso protagonista não via, na verdade, enquanto acreditassem que ele era intelectual continuaria a escrever baboseiras, bem, as coisas não são o que parecem, até quando as coisas que não são o que parecem são o que parecem.
 Ele é influente, certo? Ele é “revolucionário”, certo? O povo acha isso, certo? Agora será explicado porque todos no padrão dele deixam o mundo tão cedo, a resposta é só uma: eles são problemas no planejamento milenar da Apocalipse S.A.
 Quem é Apocalipse S.A.? Ora meu caro leitor, logo você saberá, é como diz o slogan da empresa: o tempo no seu tempo, pois o mundo nunca tem muito tempo.
 Tarde de domingo, um dos dias mais agradáveis, senão o mais agradável, do ano, a chuva de verão, tão pequena e refrescante tinha acabado de cessar, um arco íris pálido se formava no céu, era bonito, mas não duraria muito, não daria tempo de tentar achar o pote de ouro, sem dúvidas.
Um sorriso débil brotava no rosto de Luís ao ver que a chuva tinha parado e a tarde ainda resistia à noite montando a paisagem perfeita para ele brincar um pouco. Sim, brincar, hobby é algo muito elevado para o que ele fazia.
 Passavam-se 10 minutos e ele continuava na sua terapia que consistia no simples ato de empinar um papagaio, estava num transe profundo de relaxamento, a qualquer momento iria cair no chão não sentiria dor e nem saberia de tão dopado, na verdade, não sentiria nem a fatalidade que viria a seguir.
 Como num passe de mágica, nuvens começaram a surgir, o que levaria dias se formando se fez em menos de 10 minutos e incrivelmente nosso protagonista só se deu conta quando um raio o atingiu para levá-lo para o outro mundo.
 Passando de plano, agora ele estava na cidade do 2° plano, seria julgado pelo rei Minos e que decidiria se ele iria para o inferno ou paraíso – que, porém, era quase óbvio –, exatamente como se diz a Divina Comédia, mas antes ele teria uma visita de cortesia na Apocalipse S.A., se é que da para chamar dois demônios brutamontes levando você para o desconhecido de cortesia.
 Ele nunca foi julgado por Minos, pelo menos não naquela morte.
 Assim que chegou ele se viu num ambiente que parecia uma estação de trem, porém sem trens e sem pessoas com malas.
 Logo ele percebeu que as faces de muitos que estavam sendo abraçados pelos que, provavelmente, eram seu eram seus entes queridos mostravam o mesmo que a dele provavelmente mostrava: confusão.
 “O que aconteceu? Uma hora eu estava lá na mansão e agora em que porra de lugar eu to?” dizia o pensamento incessante que perturbava a mente dele.
 Então ele viu alguém que não via desde os 23 anos – embora ela tivesse falecido quando ele tinha 12 –, sua avó por parte de pai, Vó Ni.
 Em circunstâncias normais ele estaria sorrindo por estar totalmente drogado ou gritando por estar vendo um fantasma, mas ela passava uma aura tão boa que qualquer reação além da extrema felicidade era não natural.
 Mas, infelizmente, não pode apreciar de uns pontos positivos da morte, os demônios de elite, como eram chamados no 2° plano, o agarraram e o levaram.
 Óculos Ray Ban aviator, terno italiano preto, cabelo lambido de gel e sapatos mocassins, não era difícil identificá-los, eram os únicos que andavam de terno no calor de 25°C constantes.
 A falecida avó em sensação de êxtase deixou sem nem mudar a expressão da face que os tais demônios de elite levassem seu neto arrastado, enquanto ele, bestializado, aceitava sem nem saber o que o esperava.
 Como se sob efeito de uma droga pesada Luis desmaiou, simplesmente para não saber onde se localizava a poderosa Apocalipse S.A., não as filiais, claro que não, existe uma filial em cada bairro da Cidade do 2° Plano e em cada país 1° Plano – basicamente, o que vocês vivem.
 Quando acordou ele não estava aonde esperava, um lugar sujo e escuro com sangue espalhado pela sala e com um fedor de algo que não sabia entrando em suas narinas, não, o lugar era lindo e civilizado, cheio de pessoas bem afeiçoadas e sorridentes trabalhando e com lindas mulheres esperadas em um sofá com aparência chique que sorriam para ele com os olhares mais bonitos que ele já havia visto em sua vida – porém ele estava em sua morte, mas claro, é uma figura de linguagem.
 Tudo era uma mentira? Não. Ilusão? Não. Aquilo, por enquanto era verdade, o terror, o verdadeiro terror, em qualquer coisa, sempre está no fundo, na Apocalipse S.A. o caso não era diferente.
 Assim que passou pela porta a atitude rígida dos tais demônios de elite passou em um instante e logo eles foram embora da vista de Luis por uma porta de madeira que se encontrava no canto da sala de recepção.
 Mas agora ele estava novamente bestializado, não mais por ter visto há pouco sua falecida avó, mas sim por, na sua frente, estar o que devia ser a mulher mais bela do mundo.
 – Posso ajudar? – disse ela.
 Cada vez mais sem noção alguma de onde ou o que estava acontecendo ele de um grunhido que soou engraçado e como conseqüência a bela mulher riu.
 – Imagino que seja aquele tal músico do 1° plano.
 A testa dele se franziu e ele soltou outro grunhido que seria algo próximo de:
 – Hã?
 Ela deu mais uma risada que conseguiu ser mais adorável que a anterior, pegando, em seguida, na mão dele e levando-o para o lugar onde o mal habitava na Apocalipse S.A.
 Conforme eles avançavam a escuridão os acompanhava, desde que passaram por uma simpática e fina porta na sala de recepção tudo que havia sido visto lá parecia ser apenas uma fachada, agora o que predominava era um tipo de cenário underground, por assim dizer, quase que assustador, ainda mais quando a escuridão se fez completa:
 Quando ele não conseguia ver mais nada uma tocha se acendeu por parte do que era a bela moça, sim, era, pois ela agora era um tipo de pássaro, onde a única coisa humana devia ser as mãos, nem o que era o lindo rosto dela escapou.
 O grito de horror foi inevitável, sem falar do óbvio pensamento “Que porra é essa?!”, Luís pulou para trás com todo o fôlego que ainda o restava e bateu a cabeça num ato, sem dúvidas, imbecil. Novamente ele apagou, o que poupou um importante caminho, quem sabe ele tivesse passado por círculos de fogo, por cavaleiros do apocalipse – fazia sentido, pois a empresa se focava em realizar tal –, pelo lago de enxofre, pela prostituta, pela besta, quem sabe pelo falso profeta... Desmaiar nessas situações é algo imperdoável, mas provavelmente tudo tinha sido planejado pelo “homem” que comandava não só a empresa, mas como todo e verdadeiro mal dentro dela.
 Quando acordou ele estava sentado numa poltrona na sala onde o verdadeiro mal se encontrava.
 Novamente vocês devem ter imaginado que o lugar era sujo e sinistro, embora aquilo fosse o verdadeiro mal também era uma sala de executivo, duvido que alguém já tenha visto uma sala de executivo suja, ainda mais com um convidado especial com Luís sendo aguardado nela. A sala em que ele desmaiou só era suja porque toda sala onde os clientes não vão é suja, pois é lá que as faxineiras preguiçosas colocam o lixo que não querem limpar.
 – Como vai meu incomodo favorito? – disse ele num tal tom de descontração tão agradável que parecia que eles eram amigos há anos.
 Um lampejo de idéia invadiu a cabeça dele: e se fosse? E se ele estivesse observando ele de perto em algum lugar por aí?
 A idéia deu calafrio a ele, então a esqueceu.
 O rosto confuso de Luiz foi algo agradável e cômico para o misterioso demônio vestido numa pele humana decorada por um terno roxo que ficou estranhamente elegante, muito longe de como ficaria tal terno roxo no corpo de um cafetão.
  O luxuoso demônio de roxo colocou a mão no rosto dele como se o fosse acariciá-lo, porém as unhas dele cresceram rapidamente e abriram um rasgão na face dele.
– Educação vem de onde? Não aprendeu a responder os outros quando te perguntam?
Continua...

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