quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Nossa Música

Mini conto que fiz para um concurso na FNPL, mas acabei gostando, conta a historia de um homem que vai visitar a namorada, mas claro, sempre tem as coisas doentias no meio, rs, gostei dele por começar suave e meloso e terminar psicótico.

A música que tocava no rádio era Wish You Were Here, o autor Pink Floyd, o programa Baú do Rock, a radio era desconhecida por Lúcio, o ano era 1997 dez anos de aniversário do namoro entre ele e Maria, a garota de seus sonhos, quase que literalmente.
A música despertou algo em seu interior, a paixão, ou como a namorada de nosso protagonista sempre dizia: “aquela sensação que sufoca”.
Ele ligou o seu novo, porém maltratado, carro preto – ele não conseguia guardar nomes, devido a alguma pancada na cabeça quando criança, quando ele era um demônio para as babas –,que graças à sujeira era um tom meio cinza, meio marrom e meio preto – não era uma cor que ele soubesse definir –, mas ele nunca se preocupou em lavar, para ele cada partícula de sujeira tinha uma história a ser contada que só seria lavada quando ele e Maria se casassem, conforme ele prometeu a ela.
“Vá depois do Mcdonalds pela esquerda, vá ate o fim da rua... – a memória dele não era boa com nomes, como já citado – e depois virei à direita e vá reto por três quadras, estarei te esperando lá” essa era sempre a receita que ele usava para achar a casa da namorada, nunca a esqueceria ela havia lhe falado isso no fim do primeiro encontro deles, na época ainda estavam na escola, o ano era 1986, porém eles só começariam a namorar em 87, na festa de aniversário do seu amigo, Panda, como o apelidavam.
Ele seguiu as instruções como ele se lembrava.
Na frente da casa, de cabelo arrumado, barba feita e com sua melhor roupa casual ele deu uma ótima olhada no espelho para ver se estava tudo certo em sua aparência. Quando viu que sim foi em passos lentos até a porta.
Cantando foi em direção a porta o que provavelmente era a música deles, Wish You Were Here, já que foi com ela que eles deram o primeiro beijo e foi ela a música que ele aprendeu no violão para pedir desculpas pela primeira briga deles e agora havia sido a música que lembrava a mente dele da paixão por ela, sim, eles deviam muito a Roger Waters e David Gilmour.
Bateu três vezes na porta com batidas apressadas, porém leves, esperando que ela estivesse perto da porta, o aguardando.
Nada.
Esperou cinco minutos após as batidas, então bateu com mais força.
Dessa vez foi atendido.
– Posso ajudar? – perguntou uma bela jovem loira que aparentava ter uma idade perto dos 15 anos e que seguiu tal pergunta por um bocejo indiscreto, o que denunciou seu sono.
– A Maria está? – perguntou Lúcio que mesmo um tanto aborrecido por esperar mostrava uma cordialidade admirável.
– Não mora ninguém aqui com esse nome – disse a menina com um o realce de uma careta apertando os olhos.
Ele começou a sentir uma raiva incontrolável dentro de si, mas se limitou a dizer:
– Ok, obrigado.
Como assim? O que havia acontecido?
Voltou para casa com uma certa desconfiança, porém a música final do programa Baú do Rock, o esclareceria tudo, Hells Bells do AC/DC, a música tema da 2° briga deles.
Eles estavam voltando de uma festa, ela dizia não ter bebido, mas o hálito a denunciava, ele que também tinha bebido não suportou a mentira, foram para a casa dela onde eles brigaram e no fim não se lembrava de mais nada.
Aquela menina devia ser alguma amiga da irmã dela que foi sugerida a mentir.
Isso não ficaria assim.
Em altíssima velocidade ele voltou para a casa da namorada, arrombou a porta e perguntou gritando a menina onde Maria estava, ela não o respondeu e então, num acesso de fúria ele a matou, não havia ninguém em casa aparentemente, deviam estar escondidos.
O pensamento dele era:
“Vadia, mente para mim e ainda quer se esconder quando vou pedir desculpa?”
Mas ele havia matado uma menina e isso era imperdoável.
Com medo ele agora sairia da cidade, ficaria em outra até a poeira baixar, sem saber que não era 1997, mas sim 2010, que ele a havia matado no fim daquela briga e que esqueceria tudo em menos de três dias, só sendo possível a lembrança com a música tema de ele assassinando ela: Stairway to Heaven.
A música para muitos ajuda a recordar as lembranças mais queridas e para outros as memórias reprimidas.
Agora Lúcio já começava a ter seus primeiros cabelos brancos, por estresse ou idade e seu carro agora caia aos pedaços, mas ainda sim, continuava sujo, esperando o casamento entre o louco Lúcio e a falecida Maria para ser limpo.
FIM

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